Sendo o pedante que sou, a minha primeira reação foi ao uso do termo “factoide”. Esta é, claro, uma daquelas palavras inglesas completamente estranhas que começaram por significar uma coisa (algo que parece um facto mas não é), mas que agora, de alguma forma, passou a significar completamente oposto (um facto real).
O termo, como um aparte, é amplamente creditado ao autor Norman Mailer, que, no seu livro de 1973 Marilyn, definiu os factóides como “factos que não existem antes de aparecerem numa revista ou num jornal, criações que não são tanto mentiras como um produto para manipular a emoção da Maioria Silenciosa”.
Dito isto, uma vez que esta afirmação em particular – de que a colocação das chaves na garrafa de CdP nos pode dizer como as uvas foram adquiridas – parecia um pouco duvidosa de qualquer forma, fez-me pensar: isto é um facto ou um factoide*? (*definição original)
Então eu colocou esta questão eu próprio, citando o tweet original. Nessa altura, o colega cético @SteveJankousky envolveu-se, enviando um e-mail diretamente para M. Chapoutier – a adega que aparece na foto do tweet – pedindo esclarecimentos. O que é que recebeu em resposta, foi… um pouco confuso, para ser honesto.
Apesar de inicialmente ter ficado perplexo, assim que comecei a fazer alguma pesquisa adicional e a esclarecer qualquer coisa que se tivesse perdido na tradução, começou a fazer sentido. De facto, existem três versões principais do brasão da CdP e estas podem ser usadas para saber mais sobre as origens do vinho! (É preciso dizer, no entanto, que nenhuma delas tem as chaves acima a crista. Mas já lá chegaremos).